Esses 26 anos passaram rápido.
Parece que foi outro dia que você me olhava desenhando prédios pensando um dia
ser arquiteta, colorindo aqueles papéis e crendo na possibilidade dos prédios
triangulares ou em casas circulares e móveis. Foram os tempos dos olhinhos tortos,
dos dentinhos tortos, da birra pra escovar os dentes...
Acordei hoje com as unhas
curtinhas, vítimas da minha mania mais antiga. Alguns traços que marquei em você
parecem que nunca irão mudar, outros, como a própria profissão que escolhi,
mostram que consigo te dar novos caminhos. Eu sei, eu sei: essas são coisas que
você coloca para a gente achar que está no comando. E agradeço pela fantasia.
Hoje, quase tudo está no lugar e
você me olha adulta, desacelerando o passo, aprendendo a perder e a ganhar. Mas
confesso que, ultimamente, ando me confundindo nos teus sinais. Já foi mais fácil
ler os sentimentos. Imagino, inclusive, que estava fácil demais, daí então
entramos em uma nova fase.
E pensando no tempo que já
percorremos, fico me perguntando até onde vamos. Deve ser uma das missões da
nova fase: pensar em você cotidianamente. Não consigo me decidir se precisamos ir longe. Pode
nem ser longa a caminhada, mas que não seja mania, costume de estar com você:
que seja desejo. Que não seja ter por ter: que seja ter por crer em você. E como
te conheço, assunto não faltará. Pode ser até os 27, mas pode ser até 100.
Quando receber, me avisa.
Com muito amor,
Carolina.
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